Ao final dos dias
Ao final dos dias, as tardes sempre traziam você para mim e eu era feliz, meu coração sorria.
Numa praça, num ponto, numa rua: lá estava eu sempre a te esperar. Eu nunca tive pressa quando você demorava um pouco mais e meus olhos - como os olhos de um cão amigo - olhavam sempre na direção de onde você vinha, mas era meu coração quem sempre te via primeiro.
O mais curioso é que havia sempre um pressentimento - quase que como um prenúncio - segundo antes de você aparecer. Confesso que nunca pude entender isso.
Sua imagem, seu andar, seu cheiro, seu sorriso compunham a mais bela lua de todas as minhas noites! Nunca precisei das estrelas para admirar a beleza do espaço e das noites.
O tempo não era medido assim: manhã, tarde, noite, dias, semanas, meses e ano. Não! O tempo era nosso, dos nossos encontros, das nossas brincadeiras, das nossas alegrias e dos nossos planos para o futuro! Lembra disso?
Hoje, não quero mais ficar nos lugares de antes, tampouco quero olhar para o local de onde você vinha porque agora você conjuga o verbo ir e não mais o vir.
Agora, o Oeste traz as noites em teu lugar. Nem rio, nem choro: ainda há o silêncio do tempo, a beleza das montanhas, o eco dos vales, a luz dos vaga-lumes e a brisa companheira...
Um dia, eu sei: o Oeste vai fechar a porta e o sol não vai mais passar e, então, não terei mais medo das noites vazias...