terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ao final dos dias


 Ao final dos dias

Ao final dos dias, as tardes sempre traziam você para mim e eu era feliz, meu coração sorria.

Numa praça, num ponto, numa rua: lá estava eu sempre a te esperar. Eu nunca tive pressa quando você demorava um pouco mais e meus olhos - como os olhos de um cão amigo - olhavam sempre na direção de onde você vinha, mas era meu coração quem sempre te via primeiro.

O mais curioso é que havia sempre um pressentimento - quase que como um prenúncio - segundo antes de você aparecer. Confesso que nunca pude entender isso.

Sua imagem, seu andar, seu cheiro, seu sorriso compunham a mais bela lua de todas as minhas noites! Nunca precisei das estrelas para admirar a beleza do espaço e das noites.


O tempo não era medido assim: manhã, tarde, noite, dias, semanas, meses e ano. Não! O tempo era nosso, dos nossos encontros, das nossas brincadeiras, das nossas alegrias e dos nossos planos para o futuro! Lembra disso?


Hoje, não quero mais ficar nos lugares de antes, tampouco quero olhar para o local de onde você vinha porque agora você conjuga o verbo ir e não mais o vir.


Agora, o Oeste traz as noites em teu lugar. Nem rio, nem choro: ainda há o silêncio do tempo, a beleza das montanhas, o eco dos vales, a luz dos vaga-lumes e a brisa companheira...


Um dia, eu sei: o Oeste vai fechar a porta e o sol não vai mais passar e, então, não terei mais medo das noites vazias...

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