quinta-feira, 17 de março de 2022

As tribos

 As tribos


Ah!! As tribos!! Nelas, a presença do outro transmitia o significado da existência, do pertencimento, do compartilhamento da luta pela vida. Hoje, deparo-me com os ícones mórbidos “printados” na tela azul os quais revelam a existência de um "outro" que já não tem predisposição para compartilhar nada. Um outro que não quer pertencer a nada. Um outro que é regulado, controlado e acautelado pelo essencial: os tópicos! Tópicos cada vez mais vazios, sem vida e ausentes do desejo.

Ah! Que saudades de compartilhar uma fogueira, de compartilhar as cismas da noite escura e cheia de mistérios. Nas tribos, a constatação da vida era dada pelo ritmo acelerado do coração batendo ante ao inusitado. Ah! As sociedades das relações mecânicas exigiam o compartilhamento: do desconhecido, das histórias, das fases da lua, dos símbolos da natureza, do conhecimento e, essencialmente, dos desejos e dos afetos.

Mas o mundo que destruiu as tribos e agora compõe as “sociedades das relações orgânicas” limita-se ao “minimizado”, ao “logado”... Construíram fios e tentaram fazer as conexões!! Portanto, o mundo que é o que nos resta feito uma sopa fria, se introjeta por ondas quânticas que trafegam o tempo, o espaço e os corações.

Anoiteceu, não é mesmo? Tudo está frio e cada um segue sozinho seu rumo. Solidão pura! A única cisma que há é a de se deparar com o “desconhecido” que supostamente existe escondido por traz daquele maldito ícone trazido pelo zoom que se vê todos os dias na tela azul durante as reuniões ou durante o trabalho.

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